27/08/2021
Como deve ser o pronto atendimento do futuro? Conheça agora as principais tecnologias e métodos que irão transformar a urgência e emergência e potencializar a classificação de risco!
O pronto atendimento hospitalar é um dos pontos com maior taxa de reclamação e de estresse, tanto por parte do paciente, quanto da gerência. O atendimento em casos de urgência e emergência deve ser ágil e eficaz, contudo, isso se apresenta como um desafio para diversos hospitais.
Esta etapa é fundamental para a satisfação do cliente e torna-se necessária a aplicação de novas estratégias e ferramentas para garantir a qualidade do serviço e evitar gastos e tempo desperdiçado pela lentidão do processo.
Nesse aspecto, compreendida a necessidade de mudanças e implementações para a melhor funcionalidade desse sistema, surgem algumas tendências e possibilidades que começam a ser aplicadas e podem se tornar habituais, uma vez que já fazem sucesso em alguns hospitais.
Uma ferramenta importantíssima é a automação de processos e equipamentos nos prontos atendimentos.
Mesmo com todo o processo de modernização em andamento no Brasil e o crescente investimento em novas tecnologias, ainda é grande o número de unidades de urgência e emergência que ainda possuem processos manuais.
De uma forma geral, os processos manuais estão mais sujeitos a erros, além de serem mais lentos. Outra característica dos processos manuais é que, por não estarem embutidos em um sistema, todo o registro do processo é feito em papel, o que dificulta o controle e a gestão dos dados do processo.
É nesse cenário que a automação ganha um papel relevante. A digitalização e a automação dos processos, seja na classificação de risco ou no sistema de gestão do fluxo da unidade, torna automaticamente todos os dados do processo disponíveis de forma digital, facilitando o acesso dos gestores a tudo o que acontece no pronto atendimento em tempo real.
O acesso fácil a relatórios analíticos do que acontece no pronto atendimento empodera os gestores que podem entender onde estão os principais pontos de melhoria, tais como: necessidades de treinamentos, redimensionamento de equipes e infraestrutura, realocação de profissionais em novas escalas e identificação de gargalos existentes na unidade.
Outro benefício da automação é garantir que os processos aconteçam sempre da mesma forma, sem variações e sem erros. Isso garante a qualidade do cuidado e o cumprimento dos protocolos definidos pela instituição.
A segurança do paciente também passa a ter uma melhora significativa, já que a automação garante a conformidade dos processos às especificações da instituição.
Um dos resultados mais efetivos da automação ocorre na melhoria do fluxo do pronto atendimento, tornando-o mais rápido, resultando na redução de filas e na maior satisfação dos pacientes, além da melhoria das condições de trabalho da equipe assistencial.
O excessivo uso de papéis é um dos principais entraves contemporâneos. No pronto atendimento, há o excesso do uso de papel e há dificuldade para a armazenagem e gestão – além de ser um processo lento e que, no processo de urgência e emergência, pode desperdiçar minutos valiosos durante o atendimento.
Com o passar do tempo, o material pode ser corrompido ou ser perdido, pois trata-se de uma superfície que pode ser amassada, molhada, ter sua tinta borrada, ou simplesmente se perder no meio de vastos outros arquivos. O armazenamento de alguns dados pode ser mantido por décadas.
A opção de complementar e, posteriormente, substituir o uso de papéis nesses meios é natural. Ano após ano, essa otimização evidencia a agilidade e a eficiência proporcionada nos processos de gerência.
Uma forma de migrar para um ambiente paperless (sem papel) é através da digitalização e da implantação da assinatura eletrônica. Isso é facilmente alcançado através da implantação de um sistema de gestão de fluxo no pronto atendimento.
O espaço utilizado para a armazenagem pode ser usufruído para outras atribuições do centro médico e a proteção e segurança é imensa, uma vez que o conteúdo poderá ser digitalizado, criado e mantido em simultâneos canais, como softwares específicos e sistemas online que atuam como provedores (nuvem) ou bases físicas de armazenamento.
O Business Intelligence – ou BI – é uma ferramenta que possibilita às instituições de saúde a captação, organização e visualização de dados dos processos e tem como objetivo ajudar os gestores a fazerem análises e tomarem decisões baseados em fatos.
Essa tendência está relacionada à crescente digitalização dos processos nos hospitais e no pronto atendimento e também com a implantação cada vez maior de prontuários eletrônicos.
Com a digitalização cada vez maior dos processos no pronto atendimento, ficará cada vez mais fácil obter dados sobre tudo o que acontece no serviço de urgência, seja para uma análise histórica , seja para uma análise do que está acontecendo na unidade em tempo real.
Por outro lado, a quantidade de dados gerados aumentará exponencialmente, tornando obrigatório o uso de ferramentas que facilitem a visualização fácil dos dados de forma a ajudar os gestores a entender rapidamente gargalos, tendências, problemas de produtividade e dimensionamento.
Segundo dados do IDC, empresa de inteligência de mercado e consultoria, atualmente cerca de 30% de todos os dados gerados no mundo são gerados pelo segmento de saúde. Essa quantidade enorme de dados obriga as instituições de saúde a usarem ferramentas de organização e visualização eficiente dessas informações.
No pronto atendimento, os relatórios gerados pelo BI podem ajudar no entendimento do perfil de demanda da unidade, através da visualização da quantidade de pacientes que chegam na unidade por hora do dia e dia da semana. Com isso é possível fazer um dimensionamento adequado das equipes que farão o atendimento aos pacientes.
O BI também pode ajudar o gestor do pronto atendimento a enxergar os tempos de cada etapa da jornada do paciente, desde o momento que a senha de atendimento é retirada até o desfecho assistencial, passando pelas etapas de classificação de risco, recepção, atendimento médico, exames e observação.
Cada etapa deste processo pode ser avaliada, tanto o tempo de espera como o tempo do processo em si, para que o gestor possa atuar cirurgicamente apenas onde exatamente é necessário. Dessa forma, a resolução de problemas fica muito mais ágil, permitindo uma melhor experiência do paciente.
Uma forma de análise possível com o BI está relacionada ao entendimento do perfil epidemiológico dos atendimentos. Cruzando-se informações referentes ao perfil demográfico dos pacientes, tais como gênero, localização, faixa etária, e os dados de classificação de risco, é possível identificar surtos e tendências de doenças específicas como dengue e Covis-19.
A análise de dados no segmento de saúde, com a ajuda do BI – Business Intelligence – é , portanto, um processo irreversível e que vai fazer cada vez mais parte do dia a dia do gestor do pronto atendimento do futuro.
A Telemedicina é uma tecnologia que ficou em evidência durante a pandemia e vem se consolidando como uma das ferramentas que permanecerão ativas mesmo após a melhora do combate ao vírus em muitos países ao redor do mundo.
Em meio à COVID-19, as visitas em prontos atendimentos reduziram grandemente. Parte da população, com medo de adquirir o vírus nos centros médicos – local na qual a taxa de risco é considerada como vermelha – passou a adiar consultas, exames e evitar ao máximo as idas ao pronto atendimento.
Em meio a esse contexto, a telemedicina se apresentou como uma grande alternativa para parte desses entraves. Por meio de aplicativos ou plataformas em sites, os sintomas eram inseridos e assim divulgada a necessidade de ir ao centro médico ou não. Apenas quando realmente fosse necessário o indivíduo era aconselhado ir ao médico – o que possibilitou a maior organização nos centros de saúde e melhor cuidado com os pacientes com o vírus.
Com o atendimento online, por computador ou celular, em casa ou no trabalho, o risco de contágio era minimizado e a proliferação do vírus era enfraquecida. Esse método se tornou uma ótima alternativa para esse obstáculo encontrado e ainda após o avanço da vacinação permaneceu em uso.
Em outro aspecto, essa tecnologia também passou a ser bastante utilizada para consultas variadas, além do problema encontrado com o vírus. São diversos especialistas disponíveis para realizar o atendimento online, como cardiologistas, neurologistas e endocrinologistas. Psicólogos e nutricionistas também estão disponíveis para consultas.
Outra demanda bastante procurada entre os pacientes são os pedidos de exame (exames de sangue, de raio-x) e também atestados e receitas médicas. Estes são disponibilizados pelo próprio aplicativo ou enviados pelo e-mail ou WhatsApp do paciente.
De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital, foram realizados mais de 7,5 milhões de atendimentos no Brasil, por mais de 52,2 mil médicos, via telemedicina.
Um fator bastante relevante é quanto ao caráter financeiro desta tecnologia. Diferentemente de muitos planos de saúde encontrados hoje em dia, esse serviço contém vários planos acessíveis e que contemplam grande parte da família e com um bom preço.
A lei 13.989 foi autorizada em 2020 para o uso da telemedicina enquanto durar a crise ocasionada pelo coronavírus (SARS-CoV-2). “Art. 2º Durante a crise ocasionada pelo coronavírus (SARS-CoV-2), fica autorizado, em caráter emergencial, o uso da telemedicina.”
A tendência é que, mesmo após a pandemia, o teleatendimento permaneça ativo e em alta, pois até mesmo fora do contexto pandêmico, esse serviço oferece qualidade de atendimento e atinge de forma mais acessível parcela da população.
A inteligência artificial tem um potencial enorme de transformar a saúde. As possibilidades são infinitas, abrangendo áreas como o desenvolvimento de novos medicamentos, análise preditiva, melhor alocação de recursos e a melhoria do diagnóstico e do cuidado médico como um todo.
A velocidade e precisão que a inteligência artificial (IA) proporciona, simplifica e potencializa o trabalho dos profissionais de saúde, pois é uma tecnologia que já transformou e ainda transformará bastante os campos de atuação médica.
Essa ferramenta torna possível o processo de detectar problemas de saúde com bastante praticidade. Com a ajuda da IA, é possível analisar a tendência de um paciente desenvolver uma certa doença ou detectá-la ainda no início, o que permite que o problema avance e possa ameaçar a vida da pessoa.
No pronto atendimento, a inteligência artificial pode ajudar na previsibilidade de internação dos pacientes, no dimensionamento correto dos recursos para responder a demanda e também suportando os profissionais com informações para ajudar nos processos de classificação de risco e atendimento médico. Sem dúvida, esta tecnologia estará presente no pronto atendimento do futuro.
Pode parecer intuitivo, porém, atualmente, não é o modo de atendimento que ocorre nos centros de saúde. Na verdade, é considerado inovador, pois invoca a saúde e a vida do indivíduo acima da doença em si. A ideia é cuidar da pessoa com a doença, de suas preferências e objetivos.
O papel ativo do paciente humaniza o atendimento e integra a pessoa e sua família, identificando não apenas o problema, mas o emocional, psicológico e todos os fatores ao redor do indivíduo, colocando o indivíduo em primeiro lugar.
Ademais, é quebrada a hierarquia e o médico e o pacientes ficam no mesmo nível, um ajudando o outro, não apenas seguindo ordens. É o relacionamento entre médico-paciente, na qual há uma nova abordagem e estratégias para corroborar a ideia de cuidado centrado.
E isso funciona na forma de assegurar a dignidade, a comunicação aberta e informações compreensíveis e realmente dar voz ao paciente, deixá-lo com facilidade e colocá-lo no centro das decisões sobre a saúde e do cenário de soluções.
A educação, conforto físico, continuidade durante o tratamento e valorizar o paciente, de modo que se sinta como pilar de toda tomada de decisão e objetivos em seu caminho.
Esse processo torna possível a adaptação à forma de trabalho, aprimorando abordagens e compreendendo uma nova óptica. Haverá a compreensão do sucesso e a promoção do cuidado e qualidade para todos, nas mais amplas necessidades e nas muitíssimas diferenças.
Esse conceito americano, traduzido como saúde baseada no valor, foi introduzido em 2006 por Michael Porter e Elizabeth Olmsted Teisberg. Essa ideia consiste em garantir o custo-benefício, garantindo um resultado eficiente e com custos menores, tendo em foco a qualidade dos desfechos clínicos em relação ao custo.
A redução de tratamentos que não vão ao principal problema, procedimentos excessivos, valores altos e descontrolados são alguns dos problemas que não são levados em consideração. A saúde baseada no valor é uma alternativa que tenta substituir esse estigma, de forma que a qualidade seja considerada como foco.
A Equação de Valor proposta é a seguinte:
Valor = Desfechos/Custos
Seguindo essa ideia, o foco deixa de ser a redução de tratamentos e é idealizada a qualidade de assistência ao paciente, o melhor nível de condição clínica e o resultado envolvendo a qualidade do serviço da experiência.
O sistema de saúde atual se baseia no “fee-for-service”, ou seja, um sistema que remunera pela quantidade de volume de atendimentos. Isso prejudica a saúde baseada no valor, já que é priorizada a quantidade de demandas. Os provedores aumentam a sua remuneração pelo volume de atendimentos.
A saúde baseada no valor busca resolver o entrave do paciente, sanando o desfecho. Neste aspecto, integrando esse novo sistema, a remuneração dos provedores passaria a ser obtida pelo tratamento, pelo sucesso ágil do paciente e da melhor assistência possível – “fee-for-value”.
O pronto atendimento hospitalar é um dos pontos com maior taxa de reclamação e de estresse, tanto por parte do paciente, quanto da gerência do pronto atendimento. O atendimento em casos de urgência e emergência deve ser ágil e eficaz, contudo, isso se apresenta como um desafio para o sistema de pronto atendimento atual.
Esta etapa é fundamental para a satisfação do cliente e torna-se necessária a aplicação de novas estratégias e ferramentas para garantir a qualidade do serviço e evitar gastos e tempo desperdiçado pela lentidão do processo.
Nesse aspecto, compreendida a necessidade de mudanças e implementações para a melhor funcionalidade desse sistema, surgem algumas tendências e possibilidades que começam a ser aplicadas e podem se tornar habituais, uma vez que já fazem sucesso em alguns hospitais.
Os prontos atendimentos sofreram grandes mudanças durante o passar dos anos. Porém, ainda não possui um sistema que suporte e supra todas as demandas do meio, o que revela a necessidade de melhorias. Por consequência, tendências surgem ano a ano para alinhar e potencializar os interesses.
A segurança e a qualidade de atendimento devem ser os pilares, de forma sustentável e com transparência nas abordagens e tratamentos. Dito isso, as tendências apresentadas surgem para retificar as problemáticas encontradas no sistema atual.
Gradativamente, as mudanças ocorrerão e o verdadeiro objetivo – gerar valor ao usuário – é consolidado e segurança e satisfação são aumentadas. Consequentemente, os serviços de saúde gerarão confiança para os indivíduos e a comunidade, transformando o sistema para obter valor em saúde e otimizar a jornada do paciente. Certamente, essa perspectiva se consolidará como o pronto atendimento do futuro.