A governança em hospitais filantrópicos e Organizações Sociais de Saúde (OSS) é um dos pilares fundamentais para garantir transparência, sustentabilidade e eficiência na gestão dos serviços prestados à população. Em um setor altamente regulado e, em grande parte, financiado com recursos públicos, contar com uma estrutura de governança sólida é mais do que uma boa prática — é uma exigência para manter a credibilidade institucional e cumprir com responsabilidade o compromisso com a saúde pública.
No contexto da saúde, governança significa adotar um modelo de gestão baseado em princípios éticos, com foco em transparência, responsabilidade, controle social e tomada de decisão fundamentada em evidências. É essa estrutura que assegura o alinhamento entre os interesses da organização, da sociedade, dos financiadores e dos usuários do sistema.
Neste guia, reunimos os principais elementos que compõem uma boa governança em hospitais filantrópicos e OSSs, além de orientações práticas sobre como implementá-los.
Princípios fundamentais da boa governança em hospitais filantrópicos
Toda instituição filantrópica ou OSS deve adotar e praticar princípios essenciais de governança. Entre os principais, destacam-se:
- Transparência: garantir que informações relevantes estejam acessíveis aos stakeholders, como poder público, doadores e comunidade.
- Prestação de contas (accountability): assumir responsabilidade sobre decisões e resultados, por meio de relatórios periódicos de desempenho.
- Responsabilidade corporativa: gerir com ética, priorizando o bem-estar dos pacientes e a correta aplicação dos recursos.
- Equidade: tratar todos os envolvidos com justiça e imparcialidade, valorizando a diversidade e o respeito à sociedade.
Esses princípios não apenas elevam o padrão da gestão, como também reforçam a confiança pública e institucional na organização.
Estrutura organizacional clara e prestação de contas
Uma governança eficiente começa com uma estrutura organizacional bem definida, com papéis e responsabilidades claros. Conselhos de administração atuantes, diretoria executiva capacitada e comitês de apoio são elementos fundamentais para uma gestão técnica e equilibrada.
Além disso, é essencial contar com mecanismos consistentes de prestação de contas, como:
- Relatórios financeiros e operacionais periódicos;
- Auditorias independentes;
- Avaliação de desempenho com base em indicadores assistenciais e de gestão;
- Políticas de integridade e compliance ativas.
Ter uma governança estruturada vai além de cumprir obrigações legais: significa adotar a transparência como um valor institucional permanente.
Transparência com o poder público e sociedade civil
Hospitais filantrópicos e OSSs, muitas vezes, operam em parceria com o poder público por meio de contratos de gestão e convênios. Por isso, é fundamental garantir transparência ativa nessas relações, com a publicação de:
- Contratos, metas e resultados assistenciais;
- Execução orçamentária;
- Relatórios de auditoria;
- Indicadores de qualidade e produtividade.
Essa postura fortalece a confiança da sociedade e dos gestores públicos, além de prevenir questionamentos e aumentar a legitimidade da atuação institucional.
Ferramentas e processos que fortalecem a governança em hospitais filantrópicos
A tecnologia é uma aliada poderosa da boa governança. Ferramentas de gestão integrada, como sistemas de Business Intelligence (BI), plataformas de compliance, prontuário eletrônico e dashboards de performance, permitem maior controle dos processos e favorecem decisões baseadas em dados concretos.
Outras práticas que contribuem para o fortalecimento da governança incluem:
- Códigos de conduta e manuais de ética;
- Canais de ouvidoria e denúncia;
- Planejamento estratégico com metas claras e mensuráveis;
- Processos participativos, envolvendo conselhos locais de saúde e lideranças comunitárias.
Governança como base para sustentabilidade e credibilidade
A governança em hospitais filantrópicos e OSSs vai muito além do cumprimento de normas: ela é a base para construir uma instituição sólida, confiável e preparada para os desafios da gestão em saúde. Uma governança bem estruturada viabiliza a captação de recursos, promove eficiência nos serviços e fortalece a confiança da sociedade.