03/06/2020
A equipe da ToLife conversou com o Dr Welfane Cordeiro Jr sobre as inovações nos serviços de urgência. O Especialista em Terapia Intensiva e Medicina de Emergência, presidente do GBCR (Brazilian Triage Group), Mestre em Gestão de Tecnologia e Inovação em Saúde e Coordenador Médico do Projeto Lean nas emergências, afirma que:
“A superlotação das unidades de Pronto Atendimento é um problema mundial e o Brasil não fica fora dessa estatística”.
Ele destaca como as novas metodologias e processos hospitalares têm mudado o cenário do atendimento aos pacientes nas unidades de saúde. E acrescenta que os processos como a Classificação de Risco também ajudam hoje muito na segmentação de pacientes, organizando a demanda e colocando o paciente no lugar certo dentro da unidade de saúde.
Não é só no Brasil que estão ocorrendo mudanças. Desde a década de 1980, houve um aumento de demanda nos Prontos Atendimentos em vários países, inclusive no Brasil.
A superlotação nas emergências dos hospitais se tornou um problema mundial, com uma dificuldade para o paciente encontrar vagas para ser atendido.
A partir dos anos 2000 nos Estados Unidos e, de 2010, no Brasil, as unidades hospitalares começaram a buscar estratégias e metodologias das indústrias para melhorar os processos de atendimento, como o Sistema Lean.
Essas metodologias propiciam a otimização de recursos e reduzem o tempo de espera do paciente nos Prontos Atendimentos. O fluxo dentro de um hospital fica acelerado e mais assertivo.
As novas metodologias têm propiciado um melhor uso dos leitos nos hospitais. Elas são ferramentas estratégicas para reduzir a superlotação dos Pronto Atendimentos.
Os métodos propiciam uma integração dos Pronto Atendimento com os outros setores do hospital ou com outras unidades de saúde, permitindo que o paciente possa ser rapidamente atendido.
As metodologias conseguem melhorar o uso dos leitos nos hospitais, com a redução do tempo de internação.
As metodologias criam um percurso de atendimento para o paciente e ele é direcionado para o hospital que possa atendê-lo melhor, não ficando mais em filas de espera em um único hospital.
Os principais erros de processos e de gestão são a falta de qualificação da demanda nas unidades de saúde e uma administração hospitalar feita às cegas. Os problemas mais graves ocorrem por falta de mensuração dos pacientes que chegam às unidades. Não é feita uma classificação ideal para direcionar o paciente para o atendimento adequado.
A utilização cada vez mais crescente entre as unidades de saúde de sistemas de comunicação, como telefones e aplicativos, que permitem distribuir os pacientes, que estão sendo atendidos em Prontos Atendimentos e Prontos Socorros, para os locais mais adequados e com menor tempo de espera.
Se há uma pessoa com um infarto ou trauma, por meio da comunicação, é possível encontrar qual unidade de saúde vai oferecer o melhor atendimento.
A Classificação de Risco é um sistema que surgiu com o objetivo de organizar o crescimento da demanda nos Prontos Atendimentos e como resultado da implantação das novas metodologias nas unidades de saúde.
A Classificação de Risco é um sistema de priorização de atendimento do paciente que o coloca no lugar certo dentro dos hospitais.
Ela classifica o paciente e determina fluxos diferentes dentro do hospital para direcioná-lo para o setor adequado e agilizar o atendimento.
A Classificação é um importante processo dentro do hospital para evitar problemas, conduzir o paciente para o atendimento correto, otimizar os recursos e reduzir o tempo de espera.
As secretarias de saúde em todo o país recomendam a todas as unidades de saúde que utilizem a Classificação de Risco. Ela serve como um atenuante para evitar problemas com o atendimento nos hospitais.
Indicadores de performance são o tempo porta-médico, tempo médico-decisão e tempo de boarding. O tempo de permanência do paciente no Pronto Socorro – PS – (LOS) também é fundamental. Outros indicadores são taxa de conversão, taxa de abandono e um indicador de superlotação (NEDOCS por exemplo).
Outros mais específicos seriam os tempos porta-balão para dor torácica ou porta-TC para suspeita de AVC. A taxa de mortalidade num período por exemplo de 24 horas, relacionada à prioridade clínica também é um indicador interessante.
O perfil de gravidade e o número de atendimentos por horário e dia da semana auxiliam também na gestão.
Cito alguns hospitais públicos que já utilizam as metodologias, como a Lean, que conseguiram melhorar o atendimento aos pacientes, reduzir as filas de espera e otimizar os processos.
Entre eles, estão o HUGOL (Goiânia); Hospital do Trabalhador (Curitiba); Socorrão 2 (São Luís), Santa Casa (São Paulo).
Entre os particulares, ele destaca o Hospital Sírio-Libanês e o Hospital Israelita Albert Einstein.