26/06/2020
O Protocolo de Manchester é uma metodologia de classificação de risco utilizada em diversos países ao redor do mundo para priorizar o atendimento nas unidades de urgência.
Essa metodologia identifica rapidamente os pacientes com risco de morte e os pacientes estáveis, organizando-os de maneira a atender primeiro os que mais necessitam.
O Sistema Manchester de Classificação de Risco foi desenvolvido no Manchester Royal Infirmary pelo médico e professor Kevin Mackway-Jones e equipe em 1994. Em 1998 o National Health System – NHS passou a recomendá-lo aos hospitais do Reino Unido. Na atualidade é utilizado em mais de 25 países.
O Protocolo de Manchester é um dos mais usados no Brasil e Minas Gerais foi o estado pioneiro no Brasil na sua utilização, quando o adotou como política pública a partir de 2007.
Para aplicar qualquer protocolo de classificação de risco no Brasil é necessário ser um (a) enfermeiro (a) de nível superior conforme a Resolução COFEN Nº 423/2012. E para a aplicação do Protocolo de Manchester é imprescindível ser certificado pelo Grupo Brasileiro de Classificação de Risco (GBCR) que é oficialmente a única instituição certificadora no Brasil.
Tendo em vista a superlotação dos serviços de urgência torna-se essencial um sistema de classificação de riscos que organize os pacientes de acordo com a necessidade daqueles que possuem a maior urgência.
Porém, a intenção não é estabelecer uma presunção diagnostica mas identificar os casos em que há maior risco de morte, perda de órgão e/ou função para o paciente.
Além disso, o método ajuda a definir qual a área mais adequada para tratar o paciente no serviço de urgência e emergência auxiliando também na organização dos processos assistenciais.
Ao usar um protocolo objetivo, sistematizado e validado cientificamente é possível assegurar que a classificação de risco será realizada com segurança para o paciente, para o profissional classificador e para a instituição.
Ao seguir um protocolo validado cientificamente e passível de auditoria, os hospitais e UPAs têm a segurança de que aplicando uma ferramenta metodologicamente sólida.
A auditoria é mandatória para o processo de qualidade e segurança e pode ser definida como uma análise sistemática e independente com objetivo de determinar se as atividades e resultados satisfazem os requisitos previamente estabelecidos e se estes, estão efetivamente implantados.
A segurança do paciente estará garantida quando as classificações de risco avaliadas pelas auditorias estiverem em nível considerado de excelência, com acurácia e assertividade de cada classificador e da instituição como um todo, acima de 95%.
Com a padronização dos procedimentos de classificação a equipe utiliza uma linguagem única reduzindo as divergências entre médicos e enfermeiros a respeito das classificações de risco.
Uma das principais vantagens da aplicação do Protocolo de Manchester é a possibilidade de organizar e gerir os fluxos de urgência padronizando o atendimento e garantindo o uso dos devidos recursos. Dessa forma equipamentos, testes e profissionais são alocados para atender a quem mais precisa no momento certo.
Ao priorizar os pacientes mais graves muitas vidas são salvas evitando esperas que podem ser fatais.
A informação é um fator importante para esse protocolo, pois ao informar para o paciente o tempo médio de espera, alinham-se às expectativas e aumenta a satisfação dos usuários.
Para a execução do protocolo é preciso dedicação de todos os setores envolvidos no atendimento, equipe médica, de enfermagem e administrativa. Por isso, deve haver uma comunicação clara entre os setores da unidade de saúde.
O protocolo utiliza cores e tempo alvo para fazer a gestão dos riscos e definir a prioridade clínica dos pacientes.
Dessa forma a classificação de risco pelo Protocolo de Manchester parte inicialmente da queixa principal do paciente, isto é, motivo que levou o paciente a procurar o serviço de urgência. A partir da queixa seleciona-se o fluxograma mais específico dentre as 53 opções que o Protocolo de Manchester possui. Existem ainda, dois fluxogramas exclusivos para situações com múltiplas vítimas.
Todos os 53 fluxogramas de decisão do Protocolo de Manchester possuem discriminadores que estão distribuídos nas prioridades clínicas conforme grau de gravidade. Estes discriminadores possuem uma definição prévia baseados nas boas práticas da Urgência e Emergência e devem ser observados ou mensurados ou investigados. A metodologia define que a avaliação é feita pela determinação da prioridade mais alta na qual a pergunta proposta for considerada positiva ou que não se exclui com segurança.
Por exemplo, suponhamos que uma pessoa dê entrada no pronto atendimento queixando-se de dor de cabeça há vários dias. Sendo assim, o fluxograma mais adequado é o de cefaleia.
Veja abaixo o fluxograma de cefaleia, com os respectivos discriminadores a serem avaliados pelo enfermeiro:
Fluxograma para classificação da queixa de cefaléia, segundo o Protocolo Manchester
Para aplicar as medidas necessárias ao funcionamento do Protocolo de Manchester é preciso proporcionar o devido conforto para médicos, enfermeiros e pacientes.
Portanto, alguns materiais e equipamentos são necessários e indispensáveis, são eles:
Conheça neste link as soluções de classificação de risco que te ajudam a fazer uma classificação mais rápida e sem erros.
Como já sabemos o Protocolo de Manchester é um sistema de classificação de risco que possibilita melhor eficiência nos serviços de saúde, identifica o paciente gravemente enfermo possibilitando que vidas sejam salvas nas emergências.
Segundo orientações do Grupo Brasileiro de Classificação de Risco a implantação do protocolo deve ser feita em cinco passos em uma instituição de saúde.
A princípio, para começar a aplicação do método é preciso conscientizar a equipe sobre a importância da classificação de risco na gestão de urgência.
Nesse primeiro passo o GBCR indica que a direção da instituição, coordenação do setor de urgência, médicos e enfermeiros sejam capacitados como classificadores.Além de outros profissionais envolvidos a participação de uma Palestra de Gestão a Partir da Classificação de Risco onde serão abordados dentre outros temas:
Após aprovado o aluno recebe a certificação de classificador do Sistema Manchester de Classificação de Risco, emitido pelo GBCR.
O certificado é válido internacionalmente. O GBCR recomenda atualização quando houver lançamento de uma nova edição ou a cada três anos. São apenas três edições em mais de 30 anos de utilização o que demonstra a maturidade e estabilidade do Protocolo.
Contrapondo-se a isso se o aluno for reprovado poderá repetir o curso, após intervalo de 30 dias entre um curso presencial e outro.
Além disso, o GBCR oferece também a modalidade de ensino à distância para capacitação de classificadores além de cursos por plataforma de comunicação (Zoom). Mais informações pelo site www.gbcr.org.br.
Após um ou dois meses de implantação do protocolo na unidade, um tutor do GBCR realiza um acompanhamento presencial da classificação de risco para sanar dúvidas e corrigir possíveis erros.
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O curso de Auditor é realizado apenas presencialmente ou pelo Zoom. A equipe de auditoria interna deve ter composição mínima de um médico e um enfermeiro.
Sendo assim, o GBCR recomenda que as auditorias internas aconteçam mensalmente como processo mandatório da qualidade.
A implementação do Sistema Manchester de Classificação de Risco nas instituições de saúde, além das auditorias internas conta também com um processo de auditoria externa que acompanha ao longo do tempo a operacionalização dos pressupostos e controle do sistema.
De acordo com os termos do contrato firmado com as unidades de saúde, o GBCR pode realizar auditorias externas na instituição.
A incorporação da gestão da qualidade nas organizações prestadoras de serviços de saúde é um fator essencial para a sua sobrevivência e evidencia a necessidade dos profissionais refletirem, reverem seus valores e as questões teóricas que asseguram as boas práticas no processo de trabalho.
Em virtude da busca pela excelência na qualidade da aplicação do Protocolo Manchester, o GBCR estabeleceu o Processo de Qualificação com a adoção do Selo de Qualidade.
Em suma, o Protocolo Manchester é uma metodologia que auxilia na gestão dos serviços de urgência facilita a organização do atendimento de forma equânime, dando prioridade aos pacientes com maior risco.
Por isso ao aplicá-lo é preciso seguir as recomendações do Grupo Brasileiro de Classificação de Risco e disponibilizar as ferramentas necessárias.
Sendo assim, o sistema faz uso de cores em pulseiras de identificação das prioridades clínicas dos pacientes, cores que salvam vidas.