15/06/2020
A classificação de risco é um método utilizado nos serviços de urgência e emergência, voltada para avaliar e categorizar os usuários que necessitam de atendimento prioritário.
Esta classificação adota dispositivos que priorizam o atendimento de acordo com quadro clínico com o objetivo de aliviar o sofrimento e salvar vidas. Em contraponto ao tradicional atendimento sem critérios orientado somente pela ordem de chegada.
Jean Dominique Larrey, cirurgião do exército Napoleônico foi responsável por criar o primeiro modelo de classificação de risco.
A partir desse método foi possível avaliar e separar de forma rápida os soldados feridos na guerra. Sendo assim, os que possuíam quadros mais graves eram priorizados no atendimento médico para que pudessem retornar aos campos de batalha.
Portanto, os militares foram os primeiros a conhecer o método em campos de guerra e em cenários de desastres.
O modelo foi aperfeiçoado com o tempo e começou a ser utilizado na população civil em 1960. Momento em que o aumento da procura por serviços de urgência levou a necessidade de estabelecer parâmetros mais eficazes de atendimento.
A gravidade dos ferimentos ou grau de dor se tornaram os fatores determinantes para a classificação da prioridade de tratamento.
Esse método demonstra uma forma mais organizada e ágil de lidar com os pacientes, pois estabelece um padrão de prioridade que auxilia na gestão hospitalar e na qualidade do atendimento.
Dessa forma também é possível distribuir os recursos médicos de forma mais justa, ou seja, aqueles que mais precisam são atendidos primeiro.
Essa organização evita a perda de função dos membros, agravamentos e até mesmo mortes tempo em filas de espera.
A diminuição do tempo de espera minimiza o descontentamento e evita erros, como por exemplo, priorizar pacientes estáveis. Também é possível desafogar as filas com transferências para outras unidades.
Com a superlotação de hospitais nos sistemas de saúde em todo o mundo essa é uma forma de organizar, tratando de maneira mais humanizada, pois coloca aqueles que mais precisam em primeiro lugar e garante o atendimento de forma justa a todos.
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Os centros de saúde foram um dos principais beneficiados pelo avanço da tecnologia. Avançadas ferramentas médicas, inteligência artificial, realidade aumentada, entre outros auxílios. Quanto à triagem, não é diferente, uma vez que os sistemas de gestão auxiliam e automatizam muitos processos.
As integrações entre os sistemas otimizam o tempo de compartilhamento das informações geradas nos protocolos, que conecta os enfermeiros e os médicos, além de armazenar as bases e histórico do paciente.
Diante disso, observada a redução de tempo proporcionada pela inteligência, é, de fato, de significativa importância a presença destas ferramentas de amparo nos hospitais e centros médicos.
Os usuários são identificados nos protocolos de classificação por cores ou níveis de acordo com sua gravidade clínica. Em geral são utilizados cinco níveis ou cores nos principais métodos de classificação de risco ou triagem.
Vejamos agora os principais protocolos de classificação de risco no mundo.
Um protocolo com base em tempo máximo para atendimento e em cores foi criado na Austrália por volta de 1970. A Faculdade de medicina da Austrália em 1990 a adotou como sistema oficial de triagem.
Os fatores determinantes avaliados pelos enfermeiros vão de sintomas a parâmetros clínicos e comportamentais.
As cinco categorias são definidas da seguinte forma:
CATEGORIA 1
O paciente corre risco de vida, o atendimento deve ser imediato.
CATEGORIA 2
O risco de vida é iminente e o paciente deve ser atendido em até 10 minutos.
CATEGORIA 3
Existe potencial ameaça à vida, o atendimento médico pode esperar somente até 30 minutos.
CATEGORIA 4
Casos potencialmente sérios, tempo máximo até o atendimento de 60 minutos.
CATEGORIA 5
Pacientes não-urgentes.
O ESI é um protocolo usado nos Estado Unidos desde 1999.
O método ESI é baseado em um fluxograma específico utilizado para definir a classificação prioritária de cada paciente. As instituições devem decidir o tempo de espera que não é determinado pelo protocolo.
Deste modo, os cinco níveis de classificação deste protocolo são :
1° Nível ou emergente- O paciente necessita de atenção médica imediata;
2° Nível ou urgente- é recomendável que o atendimento não demore mais que 10 minutos para acontecer ou podem levar a complicações no quadro clínico do paciente;
3° Nível- os sintomas podem ter ligação com doença aguda mas não há risco de deterioração rápida dos mesmos;
4° Nível – São queixas de ordem crônicas, mas não apresenta risco à função dos órgãos vitais;
5° Nível – Pacientes estáveis sem necessidades de recursos.
Os pacientes são organizados nos níveis 3°, 4° e 5° de acordo com a quantidade de recursos que necessitam.
Descrita pela primeira vez em meados da década de 1990, o protocolo canadense também visa o tempo-alvo e utiliza cores em seu nivelamento.
A classificação de cinco níveis é organizada conforme mostro as seguir:
1) Azul – reanimação imediato;
2) Vermelho- emergente 15 minutos;
3) amarelo- urgente 30 minutos;
4) Verde- menos urgente 60 minutos;
5) Branco- não urgente 120 minutos.
O Protocolo de Manchester é utilizado no Brasil desde 2008 e nasceu em 1996 no Reino Unido.
Busca separar rapidamente os doentes em situação de risco de morte dos pacientes estáveis. A dor é um importante fator para classificar a urgência.
O protocolo gerencia o risco clínico e o fluxo de forma segura e responsável.
Atualmente o Protocolo de Manchester é a principal classificação de risco utilizada no Brasil, sendo o GBCR o único órgão no país autorizado a certificar profissionais para a prática do protocolo.
Esse sistema dispõe de cinco categorias, organizadas por nome, número, cor e tempo de atendimento.
1) Emergente- Vermelho- Imediato
2) Muito urgente- laranja- 10 min no máximo.
3) Urgente- amarelo- 60 minutos no máximo.
4)Pouco urgente- verde- 120 minutos no máximo.
5)Consulta ou exames de rotina- até 240 minutos.
Além destes quatro grandes protocolos existem também dois usados em casos específicos, o Protocolo Obstétrico e o Protocolo Pediátrico ou Clariped.
O protocolo obstétrico norteia um padrão de conduta para lidar com as portarias de atendimento no trato de mulheres gestantes.
O modelo descrito é baseado no documento Manual de acolhimento e classificação de risco em Obstetrícia.
Nesse sentido, o manual dispõe de um fluxograma que indica as devidas identificações para cada caso clínico. São indicados por cor e tempo alvo de atendimento.
Confira as identificações e o que cada uma significa :
Atendimento imediato, direto na sala de emergência, pois existe risco de morte necessita-se socorro imediato;
Até 15 minutos ,casos a ser enviado para centro obstétrico, pois necessita de uma maior atenção ou atendimento por ambulância de suporte avançado;
Até 30 minutos, atendimento em consultório médico ou da enfermeira obstetra;
Até 120 minutos- pacientes em risco de agravamento;
Atendimento não prioritário ou encaminhamento.
O Protocolo pediátrico é utilizado para classificar a urgência e emergência em quadros clínicos da pediatria. O modelo baseia-se em classificação por cores e tempo alvo de atendimento e encaminhamento para uma área adequada.
Sendo assim, o CLARIPED é composto por cinco categorias de urgência:
É importante que qualquer classificação de risco se inicie em no máximo 10 minutos após a chegada e registro do paciente, e tenha duração máxima de 3 minutos, de acordo com o Protocolo de Manchester.
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A escolha de qual protocolo de classificação de risco será utilizado é uma decisão técnica de cada instituição de saúde. No Brasil, o protocolo mais reconhecido e utilizado é o Protocolo de Manchester.
Assim, são várias as portarias que regulamentam o processo de classificação de risco, As resoluções 2077 e 2079 do CFM tornaram obrigatória a classificação de risco em serviços de urgência, com atendimento imediato.
Outros documentos que estabelecem as diretrizes nos atendimentos em urgência e emergência são as Portaria Ministerial n.º 2.048 de 05/11/2002, Portaria GM/MS n.º 1.863, de 29/09/2003, e a Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão (2003).
Criado em 2009 o Humaniza SUS busca “provocar inovações nas práticas gerenciais e nas práticas de produção de saúde” segundo a própria cartilha do programa.
O HumanizaSUS vale-se de ferramentas e dispositivos para revigorar e garantir a atenção integral, resolutiva e humanizada no Sistema único de Saúde.
Segundo o ministério da saúde apesar dos avanços observou-se que o sistema de saúde no Brasil ainda existem desafios que persistem, o que forçou a necessidade do aperfeiçoamento.
Sendo assim, a cartilha instaura o acolhimento como o ser constituinte de todas as práticas de gestão.
O principal foco é a urgência dos hospitais, pois apresentam empecilhos a serem superados no atendimento, tais como superlotação, fragmentação do processo de trabalho, conflitos e desigualdade de poder, exclusão dos usuários na porta de entrada, desrespeito aos direitos desses usuários, pouca comunicação entre as redes de serviços, etc.
Portanto foi fundamental repensar e criar novos modelos de ação em saúde que levem a esta atenção humanizada, decisiva e acolhedora a partir da consciência da inserção dos serviços de urgência na rede local.
A normatização do acolhimento define que haja uma ação de triagem, seja ela , administrativa, de enfermagem ou médica dos pacientes que serão atendidos pelo serviço público.
Ademais determina que se restabeleça no cotidiano, o princípio da universalidade e equidade para o acesso e também a responsabilização das instâncias públicas pela saúde dos cidadãos.
Semelhantemente o Acolhimento com Classificação de Risco deve ser o guia orientador para a atenção e gestão na urgência com fluxos adequados que favoreçam os processos de trabalho.
Dessa forma a Classificação de risco é um método utilizado em vários países para melhorar o atendimento em unidades de urgência e emergência ao redor do mundo.Cada protocolo a sua maneira contribui para um atendimento mais justo e organizado. A padronização por prioridades médicas torna o processo mais humanizado, alocando recursos de forma eficiente. Sendo assim, os protocolos, quando aplicados de forma correta salvam vidas.