Inovações nos serviços de urgência – Entrevista com Dr Welfane Cordeiro.

Inovação Serviços de Urgência

A equipe da ToLife conversou com o Dr Welfane Cordeiro Jr sobre as inovações nos serviços de urgência. O Especialista em Terapia Intensiva e Medicina de Emergência, presidente do GBCR (Brazilian Triage Group), Mestre em Gestão de Tecnologia e Inovação em Saúde e Coordenador Médico do Projeto Lean nas emergências, afirma que:

“A superlotação das unidades de Pronto Atendimento é um problema mundial e o Brasil não fica fora dessa estatística”.

Ele destaca como as novas metodologias e processos hospitalares têm mudado o cenário do atendimento aos pacientes nas unidades de saúde. E acrescenta que os processos como a Classificação de Risco também ajudam hoje muito na segmentação de pacientes, organizando a demanda e colocando o paciente no lugar certo dentro da unidade de saúde.

Quais as principais mudanças que estão moldando os serviços de urgência no Brasil?

 

Não é só no Brasil que estão ocorrendo mudanças. Desde a década de 1980, houve um aumento de demanda nos Prontos Atendimentos em vários países, inclusive no Brasil.

A superlotação nas emergências dos hospitais se tornou um problema mundial, com uma dificuldade para o paciente encontrar vagas para ser atendido. 

A partir dos anos 2000 nos Estados Unidos e, de 2010, no Brasil, as unidades hospitalares começaram a buscar estratégias e metodologias das indústrias para melhorar os processos de atendimento, como o Sistema Lean. 

Essas metodologias propiciam a otimização de recursos e reduzem o tempo de espera do paciente nos Prontos Atendimentos. O fluxo dentro de um hospital fica acelerado e mais assertivo.

Quais as novas metodologias que estão sendo aplicadas na gestão dos Pronto Atendimentos? 

 

As novas metodologias têm propiciado um melhor uso dos leitos nos hospitais. Elas são ferramentas estratégicas para reduzir a superlotação dos Pronto Atendimentos.

Os métodos propiciam uma integração dos Pronto Atendimento com os outros setores do hospital ou com outras unidades de saúde, permitindo que o paciente possa ser rapidamente atendido. 

As metodologias conseguem melhorar o uso dos leitos nos hospitais, com a redução do tempo de internação. 

As metodologias criam um percurso de atendimento para o paciente e ele é direcionado para o hospital que possa atendê-lo melhor, não ficando mais em filas de espera em um único hospital. 

Quais os principais erros de processos e gestão que são cometidos nos serviços de urgência? 

 

Os principais erros de processos e de gestão são a falta de qualificação da demanda nas unidades de saúde e uma administração hospitalar feita às cegas. Os problemas mais graves ocorrem por falta de mensuração dos pacientes que chegam às unidades. Não é feita uma classificação ideal para direcionar o paciente para o atendimento adequado. 

Quais as novas tecnologias que estão sendo implantadas? 

 

A utilização cada vez mais crescente entre as unidades de saúde de sistemas de comunicação, como telefones e aplicativos, que permitem distribuir os pacientes, que estão sendo atendidos em Prontos Atendimentos e Prontos Socorros, para os locais mais adequados e com menor tempo de espera.

Se há uma pessoa com um infarto ou trauma, por meio da comunicação, é possível encontrar qual unidade de saúde vai oferecer o melhor atendimento. 

Qual o papel da classificação de risco no pronto atendimento e como ele se encaixa nas novas metodologias de gestão?

 

A Classificação de Risco é um sistema que surgiu com o objetivo de organizar o crescimento da demanda nos Prontos Atendimentos e como resultado da implantação das novas metodologias nas unidades de saúde.

A Classificação de Risco é um sistema de priorização de atendimento do paciente que o coloca no lugar certo dentro dos hospitais. 

Ela classifica o paciente e determina fluxos diferentes dentro do hospital para direcioná-lo para o setor adequado e agilizar o atendimento.

A Classificação é um importante processo dentro do hospital para evitar problemas, conduzir o paciente para o atendimento correto, otimizar os recursos e reduzir o tempo de espera.

As secretarias de saúde em todo o país recomendam a todas as unidades de saúde que utilizem a Classificação de Risco. Ela serve como um atenuante para evitar problemas com o atendimento nos hospitais. 

Quais os principais indicadores que devem ser acompanhados no pronto atendimento?

 

Indicadores de performance são o tempo porta-médico, tempo médico-decisão e tempo de boarding. O tempo de permanência do paciente no Pronto Socorro – PS – (LOS) também é fundamental. Outros indicadores são taxa de conversão, taxa de abandono e um indicador de superlotação (NEDOCS por exemplo).

Outros mais específicos seriam os tempos porta-balão para dor torácica ou porta-TC para suspeita de AVC. A taxa de mortalidade num período por exemplo de 24 horas, relacionada à prioridade clínica também é um indicador interessante. 

O perfil de gravidade e o número de atendimentos por horário e dia da semana auxiliam também na gestão.

Quais hospitais são atualmente referência nos serviços de urgência?   

 

Cito alguns hospitais públicos que já utilizam as metodologias, como a Lean, que conseguiram melhorar o atendimento aos pacientes, reduzir as filas de espera e otimizar os processos.

 Entre eles, estão  o HUGOL (Goiânia); Hospital do Trabalhador (Curitiba); Socorrão 2 (São Luís), Santa Casa (São Paulo). 

Entre os particulares, ele destaca o Hospital Sírio-Libanês e o Hospital Israelita Albert Einstein.

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